Crie seu Personagem
Venho relatar uma mensagem que recebi de uma seguidora, que me deixou reflexiva e também fez com que eu me identificasse muito. Ela comentou sobre a frustração de ter voltado para a casa dos pais, feito muitas dívidas e querer que aos poucos conquiste sua liberdade e saia do trabalho clt.
Início desse ano passei por diversas situações caóticas na minha vida, e numa dessas tragédias me deparei novamente na casa do meu pai, após 3 anos morando fora. Foi um período perturbado, enchi minha agenda de atendimentos, até chegar a total exaustão, e o pouco que tempo que me sobrava saia a encontros, que sugavam uma energia praticamente inexistente. Sentia que qualquer outro tipo de punição era melhor do que enfrentar aquilo, e não, minha família não é terrível. Pelo contrário, hoje vejo como eles fazem o possível por mim. O que realmente infernizava minha mente era a sensação de derrota, viver uma realidade que tinha me desabituado a muito tempo e ter que outra vez seguir regras. A preocupação dos meus familiares com relação a minha "liberdade" nociva, fez com que minha revolta fosse ainda maior. Somente agora, vendo de fora dessa situação, identificando os meus comportamentos e lidando com eles, vejo que isso foi bom!
Quando ouvimos que a gente cria nossa própria realidade, pode parecer egoísta e inconsistente na situação financeira e social atual. Mas é porque essa frase diz mais sobre atitudes e consequências, a gente só está onde está porque, em algum momento, permitimos que acontecesse.
Durante o período que estive na casa dos meus pais, vivenciei pela primeira vez minha fase solteira. Mesmo estando em um momento difícil, inventei o personagem de uma mulher forte e sedutora, inabalável. Pode soar como algo estranhamente perigoso, mas se você quer mudar de vida tem que mudar quem você é, agir e vivenciar aquilo que deseja pro seu futuro. Pra mim a lei da atração é isso, antes de sonhar em ser uma mulher poderosa e bem sucedida, comece se adaptando e criando essa imagem na cabeça dos outros. Fiz isso me arrumando o melhor possível todos os dias, melhorando meu vocabulário e focando obcessivamente na minha vida profissional.
Durante alguns encontros percebi o poder de persuasão que tinha em relação a cativar os homens com quem saia. Nos primeiros 3 dias que fiz o Tinder tive mais de 2 mil likes, o que muitas pessoas podem ver como uma forma de aumentar seu ego e confiança, eu vi como uma oportunidade. De encontro a encontro recebia diversas propostas. Me lembro até hoje do homem estrangeiro, loiro, alto e extremamente bem sucedido, que mesmo sendo um pouco inflexível era apaixonado por mim, e que prometemos guardar recordações. Ele se encantava por sermos tão opostos de todas as formas, ser uma mulher negra é ser sempre colocada em um contexto de objetificação, mas muitas vezes senti a admiração de fato, não somente dele.
Com isso eu poderia até mesmo no dia de hoje estar vivendo uma vida diferente, viajando mais, indo a lugares caros e usando roupas mais elegantes e expressivas, porque essa oportunidade me foi oferecida diversas vezes. Mas eu conseguiria conviver bem com isso? Vivenciar a vida que gostaria em troca de não ter total mérito sobre ela e nem por mais nenhuma das minhas conquistas profissionais? Não conseguiria viver com esse peso na minha mente.
Esse relato dito agora, me fez pensar nas pessoas que tem uma vida bem sucedida na internet e vendem a imagem de que tomando 2 litros de água, se exercitando e lendo 30 minutos por dia vão fazer você sair do zero. Mas a pergunta é, quem deles realmente saiu do zero? Será que conseguiriam tomar essa mesma água se fosse numa garrafa pet ao invés de uma Stanley térmica? Se exercitando no estica velho da rua, e não na Smart Fit? Lendo num pdf pirateado no celular e comprando em sebo, ao invés do Kindle?
Jovens se sentindo pressionados por não conseguir se dedicar o suficiente na faculdade que os pais pagam, morando sozinhos no apartamento que os pais compraram, precisando trabalhar 4 horas por dia pra ganhar mais do que a média dos brasileiros porque foram indicados na firma dos pais, exigindo maior liberdade… Não fazem ideia do que é começar do zero!
Me sinto na autoridade de falar sobre isso, saí de casa aos 15 anos com R$700 suados no bolso, para tentar uma vida melhor com um companheiro desmotivado. Depois de anos me deparo com as situações anteriores, mas já havia me prometido, que quero ser dona do meu próprio futuro e o orgulho de dizer que não precisei desistir da minha liberdade pra isso.
Entre dramas e afins, meu conselho pra essa seguidora é, use dessa oportunidade para refletir quem você é, inicie sua carreira com tranças aos poucos e nas horas vagas, se reinvente e busque ter o melhor relacionamento com os seus pais, no final só isso importa. Em relação as dívidas, defina prioridades, se quer sair dessa situação não perca seu tempo, energia e dinheiro com futilidades, como festas e comida cara. Abandone o tempo usado para obter dopamina rápida e momentânea e troque por cultivar diariamente hábitos saudáveis, que em primeira instância podem ser chatos e frustrantes, mas são duradouros e recompensadores no futuro.
Obrigada a quem leu até aqui, até a próxima!
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